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Foto do escritorHelder Fernandes

The Last of Us (2023)

Uma adaptação com o espírito do original


Adaptado do game de mesmo nome, escrito por Neil Druckmann (que também produz, escreve e até dirige episódios da série), a série, que foi ventilada na mídia durante esses 10 anos de vida de seu material fonte, finalmente ganha vida pela HBO, uma emissora que é acertada pro estilo de produto audiovisual produzido, pois geralmente possue em seu cardápio de séries obras mais cerebrais e adultas. Temos aqui um caso raro de uma adaptação de game que consegue ter o mesmo brilho da obra original, num roteiro que parece até "revisionista" do material fonte em alguns momentos, o fato de tanto tempo ter se passado e Druckmann, agora mais experiente, conseguir evoluir o seu próprio roteiro, como se fosse uma nova versão, com incrementos, adições e até cortes que esse tipo de mídia precisava, apesar de nem todos funcionarem, assim como no game, que há coisas que não funcionam, o que não tornam o produto inferior.


Na trama, após um apocalipse causado por uma epidemia derivada de um fungo, chamado Cordiseps, acompanhamos após 20 anos de destruição quase total da humanidade a história do Joel, (Pedro Pascal) um homem que perdeu sua filha durante o evento inicial e hoje, vive a vida como um contrabandista, junto com sua amiga (colorida) Tess (Anna Torv), após uma entrega dar errado, os dois são contratados para uma tarefa diferente, onde precisam levar a adolescênte Ellie (Bella Ramsey) até um hospital em Salt Lake City por Marlene (Merle Dandridge), líder de um grupo chamado Vagalumes.


A série, assim como o jogo é um road movie com zumbis (no caso aqui, infectados, por que o fungo trabalha de diferente formas, mas de forma genérica, também são pessoas sem vontade própria) e o que todo filme apocalíptico consegue explorar de melhor? A natureza humana em ambientes onde a ideia de sociedade, ética e moral quase inexistem, colocando em teses nossos maiores horrores e sentimentos, aqui isso não é diferente, a série em diversos momento é brutal, sem nenhum senso de delicadeza, porém, considerando o canal, acredito que a série perdeu a chance de fazer coisas mais gráficas, assim como no jogo, eu sei que isso pode abrir discussão sobre a banalização da violência e como isso ficaria cansativo rápido, mas estamos falando de uma obra irreal, onde não temos todas as travas morais que possuímos no dia a dia, se tem algo que posso pontuar como um ponto negativo é a violência fofa que a mesma faz, eu sei que apostar na reação de quem comete é interessante, mas quando o contraponto não é na mesma moeda inteligente e criativo, toda a violência vira uma espécie de "coito interrompido", eu falo que isso é importante pois, como falei lá em cima, estamos lidando com um mundo falido, destruído e quase amoral, onde a lei da sobrevivência é levada ao mais alto nível de preocupação.


Mas para que o show funcionasse, seria necessário uma ótima dupla de protagonistas, assim como toda peça que trata sobre uma viagem a dois, aqueles personagens deve ser cativantes, pois eles carregam a história nas costas, Troy Baker e Ashley Jonhson são o supra sumo, o creme de la creme quando se trata nisso nos games, influenciando uma penca de escritores dessa mídia desde então, seria necessário atores a altura para fazer a combinação, na minha opinião, Pascal e Ramsey são isso, a atriz que já tinha mostrado muito desenvoltura em Game of Thrones, aqui finalmente ganha um show para brilhar, esqueçam o lance de semelhança, a menina arrebenta em todas as cenas, até quando o material é xoxo e capenga, monstrando que é mais do que uma adolescente de uma nota só, os aspectos dramáticos são fundamentais para que Ellie ganhasse vida e assim como ela, Pedro Pascal (mas um que começou a chamar a atenção do público em GOT) também o faz, penso que por conta da abordagem, o personagem parece uma versão "nerfada" de Joel, porém, considerando que esse mesmo aspecto, funciona demais no live action, não temos modos de dificuldade, retry ou armas infinitas, morreu, acabou, é muito difícil criar um protagonista que seja tão "gamer" a ponto de não se tornar uma espécie de T800, só acho que isso valeria melhor se as cenas de ação fossem criativas quando ocorressem, o que não é o caso.


No geral, gostei muito da série, tecnicamente é bem competente, a trilha de Gustavo Santaolala resgata o senso de solidão e incerteza do game, os atores estão muito bem no geral, com um outro que talvez receba personagem demais para pouca entrega, mas não achei que deram o tempo apropriado para o duo de Joel e Ellie se desenvolverem de uma forma sutil, isso por que a série se desvia da trama em muitos episódios, que são quase como um filler e pouco conversam com a trama, por mais que tenham simbolismos e antecipações que fazem sentido mais pra frente, poderiam ter sido substituídas por mais tempo entre os protagonistas da série, uma intenção de espandir o universo do game, que apesar da boa intenção, soa como uma tentativa de tentar fazer o público não enjooar de ver tanto os dois personagens, o que se paramos pra pensar, só pesa contra a própria obra, pois os melhores episódios são aqueles que apostam na duplicidade e companheirismo dos dois.


The Last of Us surpreende por trazer uma adaptação tão fiel ao game, que com altos e baixos, consegue também sobreviver sozinha, não digo que é uma obra prima de seu meio igual o game é na sua mídia, mas é uma ótima apresentação de mundo e personagens, espero que as próximas temporadas se foquem mais em contruir os laços de suas protagonistas, o que seria chave para termos algo menos "divisivo" do que o segundo jogo.





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