O sonho de consumo nerd
Durantes anos a fio, desde a adaptação bem sucedida de Superman em 1979, o leitor de quadrinhos esperava que fosse a vez de algum dos super grupos, o quais são chamados os megas crossovers das editoras principais, fossem adaptados para a grande tela, temos grupos grandes de heróis que já haviam sido durante os anos, como por exemplo os XMEN e o Quarteto Fantástico, mas eles são um caso a parte, pois saíram de materiais que os personagens já formavam um super time logo no início, então, desse gênero ao qual me refiro temos dois grandes exemplos em cada editora, o primeiro sendo a Liga da Justiça da DC Comics, um grupo de heróis que são basicamente deuses entre os mortais, tal qual os heróis da editora, figuras míticas, tratadas com imponência (e até um pouco o.p) e na Marvel temos os Vingadores, um grupo que na época, era bem menos famoso, reunindo em sua galeria vários heróis da segunda prateleira da editora e eventualmente um Homem Aranha ou qualquer um personagem mais famoso para chamar um pouco da atenção.
Após filmes dos principais personagens que estavam em suas mãos até aquele momento, tais como Homem de Ferro, Capitão América, Thor e Hulk, filmes esses que pincelaram participações de outros personagens importante do universo vingadores, tais como Nick Fury, Gavião Arqueiro e Viúva Negra, além do vilão principal do filme, Loki, que é o antagonista de Thor, a Marvel colocou as cartas na mesa para o filme que seria a união de todos esses personagens e o filme se aproveita desse conhecimento prévio, pois os personagens embarcam na trama sem precisar de uma apresentação, pois isso já havia sido feito em filmes de duas horas, um excelente showcase do que estava por vir, Kevin Feige confiou na inteligência do espectador, que seja por conhecimento prévio ou por simplesmente terem assistido aos filmes anteriores, já começa a o filme colocando o problema logo de início, quase sem nenhum momento de respiro.
Na trama, após os eventos de Thor (2011), Loki (Tom Hidleston) invade a Terra e rouba o Tesseract, um objeto intergaláctico que pode ser a chave da invasão da Terra por uma força alienígena, após esse evento, Nick Fury (Samuel L. Jackson) diretor da SHIELD, precisa junto de seus aliados, reunir os maiores super heróis da Terra contra Loki, numa iniciativa chamada de "Os Vingadores". Sim, o plot é fácil de explicar e como falei lá em cima o filme não perde tempo nenhum no primeiro ato, como se a partir do prelúdio, o filme já começasse o seu segundo ato, mas o filme precisa ao menos dar validade para a requisição dos heróis, então cada um começa a apresentar suas motivações de estarem ali e o filme acerta demais nisso, pois a cada momento, parece de fato que vemos egos enormes reunidos em tela, com diferentes motivações e personalidades, um verdadeiro dream team dos super heróis, ao começo, parece que nenhum deles querem estar ali, são desajustados como uma equipe e brigam mais dos parecem chegar a um consenso, fazendo a dinâmica deles memorável e que nenhum personagem fica sobrando ou fraco em relação aos outros, seja o narcisista Homem de Ferro (Robert Downey Jr), ao líder nato e um "peixe fora d'água" Capitão América (Chris Evans), ao confuso Bruce Banner (Mark Ruffalo) a extremamente sarcástica Viúva Negra (Scarlett Johansson), todos ali estão ótimos no papel, como se um completasse o outro, num filme que, aos poucos, começa a fazer esses heróis começarem a se entender e nisso, temos dois personagens importantíssimos, o primeiro é Nick Fury, que Samuel L. Jackson atua como uma espécie de técnico que não tem tanto controle de sua equipe, mas confia que em alguma hora, eles iram fazer a coisa certa e Agente Coulson (Clark Gregg), que age como uma especie de "fanboy" dos heróis, sendo o orelha da história, alguém que evoca as qualidades e o heroísmo dos personagens principais, agindo bem parecido com nós, a audiência.
Mas o filme cairia por terra se mesmo com um casting poderoso, a qualidade do vilão fosse baixa e Tom Hidleston mata a pau aqui, Loki é o mesmo mimado e orgulhoso do filme solo de seu irmão, mas, o personagem é ardiloso e inteligente o suficiente para atacar os pontos fracos dos heróis, quase como se fosse um juiz do por que humanidade mereceria ser destruída, já que nem os seus maiores pontos de virtude, apontados nos heróis, conseguem chegar num acordo para se defenderem contra uma ameaça apocalíptica, um fantastico trabalho de texto e atuação.
Dito isso, o filme é um parque de diversões bem montado (Scorcese estaria feliz se lesse isso), bem estruturado e divertido, o filme é de fato o pico da nerdisse, dando tudo que o público esperava, a única coisa que me incomoda até hoje é a fotografia porca do filme, que parece simular mais uma série de herói da televisão (naquela época, por que hoje em dia temos muito mais qualidade nesse sentido) do que um filme, a iluminação beira ao genérico e colorização do filme parece saturada demais, sei que isso melhora e evidência os uniformes coloridos dos heróis, mas isso pra cenário é bem qualquer nota... Ah, outra coisa que não gosto é o uniforme do Capitão América aqui, que é uma versão de Lycra comparado ao filme solo do personagem, uma atualização bem ridícula por sinal.
Os Vingadores é uma obra única, divertida do início ao fim, não é atoa que o filme quebrou recordes do gênero de super herói, sendo uma das transposicoes mais fiéis para a grande tela dos quadrinhos, o que veio depois, é história.
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