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Foto do escritorHelder Fernandes

O Homem do Norte (2022)

Atualizado: 13 de out. de 2023

Afinal, pra que serve a vingança?


Robert Eggers é um cineasta a se observar, jovem para os padroes da indústria, surgindo no horror independente "A Bruxa", o diretor vem solidificando sua carreira com trabalhos fenomenais, incluindo o excelente "O Farol" (o qual pretendo falar um dia) e no filme que trataremos aqui.


Baseado no conto que originou algumas outras obras da cultura dinamarquesa, como o Hamlet de Shakespeare, o filme conta a história de Amlet (Alexander Skaarsgard), um jovem príncipe viking que apos presenciar o assassinato de seu pai (Ethan Hawke) e o rapito de sua mãe Gutrum (Nicole Kidman) pelo seu tio, Fionir (Claes Bang), foge de sua terra natal e após anos vagando pelo mundo, um acontecimento faz com ele volte seu plano de vingança em ação.


Qualquer coisa que eu dizer a partir desse ponto da história pode ser considerado um spoiler, pois acredito que o diretor trabalha muito em cima de quebra de espectativas, sim, há uma cadeia de acontecimentos que ele realmente entrega aquilo que o roteiro pede, porém, a construção e desenvolvimento de tudo isso fornece algumas respostas que não estávamos esperando. O protagonista, envolto numa "treta" família, tem uma visão muito crua do que ele lembra de eventos de quando ele era criança, antes da perca de sua inocência, o que o faz exergar o mundo de uma forma extremamente literal, sem meio termos, sem negociações ou ressalvas, isso de fato é chave do seu caminho e todo o filme gira em relação da perca da inocência que as ações de Fionir tiveram em seus entes queridos e conhecidos, um trabalho fantástico de roteiro, que mescla toda essa trama humana com um tom fantástico e de delírios que não parece fora do lugar, todo o arranjo contribui com a narrativa e a alegoria que o diretor quer trazer a tona, quando questiona coisas sobre vingança, relações familiares e a inescrupulosidade do ser humano.


O Homem do Norte tem uma fotografia magnética, se aproveitando das paisagens das regiões nórdicas, como Dinamarca, parte Norte da Rússia e Islândia, o filme condensa, em diferentes cenários, a sensação de mundo fantástico, porém crível que o diretor quer nos proporcionar, algo também muito ajudado pela composição sonora do filme, que cria uma atmosfera sombria e de tensão a cada segundo que a mesma é acionada. O elenco esta impecável, Skaarsgard como Amlet brilha aqui, seu personagem de poucas palavras, porem de uma raiva incontrolável e de intelecto para fazer as maiores atrocidades se fundem com perfeição, resultando num personagem complexo e cheio de camadas, porém Claes Bang, na minha opinião, é quem rouba a cena, num papel que muda completamente conforme o personagem fica mais velho, atuação é composição, e o ator compõe dois personagens distintos, um que se parece muito com o atual Amlet e um outro mais sabio e experiente, Nicole Kidman, Anya Taylor Joy e William Daofe também teus seus momentos, o restante do elenco esta muito bem, o diretor consegue tirar atuações boas de todo seu elenco de apoio.


O Homem do Norte é viseral, um filme extremamente violento e as vezes até perturbador, mas nos entrega o retrato do que certas ações podem acarretar para uma pessoa, todo o ciclo de violência que acontece no filme é bem construído, porém, não é um filme para todos, se assistir, esteja ciente que esse filme não é somente uma experiência, é uma obra tensa e que o ritmo lento em algumas partes podem tirar o foco do espectador, porém, se perseverar, é um filme que dá pra pensar durante horas nele.

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