top of page
Foto do escritorHelder Fernandes

O Assassino (2023)

Atualizado: 23 de nov. de 2023

Os bastidores de um profissional


De modo geral, é muito boa a sensação quando você assiste a um filme e logo quer discutir sobre ele com alguém ou simplesmente escrever, igual estou fazendo agora, acho que é isso que os artistas procuram estimular em suas obras, uma peça que não é discutida, estudada e referênciada, se torna irrelevante e esquecível.


Certamente é isso que vemos na carreira do diretor da obra em questão, David Fincher, tendo começado sua carreira dirigindo videoclipes, o diretor sabe como empregar estilo e substância em suas obras, dirigindo clássicos como Clube da Luta, Seven, Zodíaco, Millenium, Garota Exemplar, entre outros, o realizador vinha de uma escolha bem questionável quando decidiu dirigir Mank, seu último trabalho até então, um filme bem autoindulgente sobre os bastidores da escrita do roteiro de Cidadão Kane, mas retorna com tudo aqui em o O Assassino.


O filme que também marca o retorno de outro artista, Michael Fassbender, o espetacular ator irlandês vinha de um hiato em sua carreira após ingressar no projeto automobilistico da Porsche para Le Mans, demonstra toda sua versatilidade e fisicalidade aqui, um filme que foi escrito de certa forma, para ele brilhar, pois acompanhamos, quase que 100%, para não dizer que integralmente, somente a visão de seu protagonista, um assassino que tem diversos nomes, mas ao mesmo tempo, sem nome nenhum, que após falhar em um serviço logo no começo da trama, onde acompanhamos uma tediosa sequência de mais de 15 minutos, sim, isso mesmo, num começo que quase me matou de tédio sobre a preparação do assassino para realizar seu serviço, é algo legal de acompanhar nos primeiros minutos, mas toda a redundância que ocorre aqui, acredito que afungenta o público médio, aquele que só quer ligar um filme e assistir, aquele que não liga nada para experiência Audiovisual, quase meio que tornando o proibitivo.


Mas se você, assim como eu, conseguir ver as camadas que o diretor emprega ali, e vencer esses primeiros minutos, verá um filme fantástico, pois a obra engrena de forma assustadora depois dali, onde o protagonista ganha um outro objetivo, após esses eventos iniciais, sua esposa, interpretada pela brasileira Sophie Charlotte, sofre as consequências que eram para ser contra ele, numa sequência muito bem feita, onde vemos a reação do protagonista a situação que ficou a casa, uma das marcas de Fincher é o suspense não visual, ou seja, ver o ato culminado abre muito mais tensão, pois deixa o público pensando os horrores que a vítima sofreu, do que necessariamente mostrar aquilo tudo ocorrendo, algo que ele faz brilhantemente desde Seven e o faz aqui, com uma direção de arte incrível, ele percebe que sua esposa sobreviveu, foi levada ao hospital e vendo toda a situação que ela está, parte em busca de vingança.


Existem milhares de filmes de vingança, é quase um subgênero no cinema de ação, mas o que o diretor quer discutir aqui, embutido num protagonista deveras controverso, que apesar de falar bastante pelos Voice overs, é um cara silencioso e de pouquíssimas palavras quando fala com alguém, quase como se somente reagisse, que fala o tempo inteiro sobre controle, mas parece não estar sob controle em diversas situações, que Fincher coloca sua temática, o que de fato o protagonista está fazendo? Ele quer uma busca pessoal, isso é verdade, mas em outros momentos, parece que o mesmo o faz por que quer limpar os seus rastros, evidênciado pelo final, o qual acho anticlimatico, mas pertinente e plausível dado o contexto do filme, afinal de contas, o protagonista ja havia alcançado o que queria, tudo que viesse a partir dali, seria uma mera caça esportiva, como evidênciado numa cena brilhante que Fassbender tem com Tilda Swinton, uma das únicas que consegue se destacar além do protagonista, num quase monólogo, é interessante como o diretor e o roteirista Andrew Kevin, o qual tambem escreveu Seven, colocam toda a temática do filme de forma bem expositiva, porém, cheia de subtexto.


O Assassino é um filme que inicia bem lento, mas que cresce a cada segundo de sua rodagem, com um apuro técnico acima da média, marco da carreira de seu diretor, consegue estigar o público que observa, durante toda a sua rodagem, um protagonista humano e controverso, que mesmo numa jornada simples de vingança, que ganha, através de subtextos, um significado de toda sua vida.


Nota (finalmente me sinto seguro para dar notas): 8,5.



18 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page