Need for Speed – O Filme (2014)
Contradição ambulante
Need for Speed talvez foi a franquia de games de corrida que mais joguei na minha adolescência, antes de conhecer os Forza Horizon e a franquia de games da Fórmula 1 da Codemasters, que marcaram a minha fase após os 18 anos, joguei muito games como Need for Speed Underground, Carbon, Undercover e o meu favorito, Need for Speed Most Wanted, numa época que a cultura de carros de rua tunados e corridas clandestina virou uma febre, graças a franquia de filmes Velozes e Furiosos, que até o quarto filme, eram sobre isso, mudando a chave de vez pra uma série de filmes de assalto a partir do quinto filme.
A história dos games, assim como quase todo game de corrida, era uma história rasa, clichê e sem qualquer preocupação com contar um enredo, a coisa toda se baseava em entreter o jogador, o conduzindo a fazer corridas e perseguições, sob alegação de faze lo se tornar o melhor corredor e ter o melhor carro... Devo dizer que através dessa perspectiva, o filme em questão cumpre todos os checks que os games da franquia tinham como história, do ponto de sentido negativo é claro e alguns pontos positivos, pra ser claro, Need for Speed – O filme, dirigido por Scott Waugh, é uma obra clichê, pouco imaginativa, como uma péssima direção, um roteiro cheio de contradições e facilitadores, além de uma trilha sonora melosa e repetitiva, que quer conduzir emoção no espectador, mas falha totalmente, pois o que vemos em tela, digo em relação a atores, é muito mal conduzida.
E olha que temos atores muito bons aqui, o protagonista, Tobby Marshall, vivido por Aaron Paul, que vinha de um sucesso muito grande na tv com Breaking Bad, mas não perde os trejeitos de Jesse Pinkman, seu personagem na série, icônico por sinal, seria difícil, mas é estranho, quando o personagem parece ser uma contradição ambulante, sendo um cara honrado em alguns momentos e em outros, um completo babaca, o roteiro e ator não conseguem achar um meio termo pro personagem, culpo muito a direção por isso, por que isso não é exclusivo de Aaron.
Vamos começar a malhação do Judas, temos grandes atores aqui, Rami Malek, que logo em seguida, brilha em séries como Mr Robot e ganha um Oscar de melhor ator por Bohemian Rapsody, Michael Keaton, que dispensa apresentação, que inclusive, foi indicado ao Oscar de melhor ator por Birdman, advinhem, no mesmo ano desta bomba, Dominic Cooper, que apesar de ser um ator com altos e baixos, tem bons trabalhos, Imogen Potts, o rapper Kid Cudi, Dakota Johnson, que na época não tinha se provado como atriz, mas tem ótimos trabalhos recentes (vamos esquecer Madame Teia e a trilogia dos Tons de Cinza) e todos, repito, todos parecem perdidos, deslocados e com personagens que não parecem críveis, cheios de contradições, além do que, a direção desse filme não acerta em quase nada, os momentos de alívio cômicos, feito pra “encher linguiça”, são péssimos e muito mal colocados, eu não consegui dar risada em nenhum deles, sim, sou chato, mas não duvido muito que as pessoas dêem risadas apenas de um momento ou outro.
A edição desse filme é meio medonha, horas o filme parece ter um ritmo lento, quase contemplativo (os primeiros 30 minutos desse filme são quase inúteis, parece um curta metragem feito pra vender o filme, que colocaram só pra ter mais tempo de filme), horas acelera demais, nada nesse filme parece seguir uma linha lógica.
A única coisa que posso realmente elogiar, mas que aqui, na minha modesta opinião, o filme faz o mínimo, são as cenas com carros, tanto corrida e perseguição, não temos um cgi fajuto igual na franquia Velozes e Furiosos, onde o alto orçamento é só pra cobrir o ego do Vinícius Diesel, temos cenas com carros de verdade, modelos como Mustang Shelby, Koennisseg Aggera, McLaren P1, Sallen S7, Lamborghini Sesto Elemento e vários outros, esses supercarros, colocam esse filme muito mais na linha dos primeiros jogos de Need do que a franquia virou após Underground, onde o foco era muito mais corridas em estradas e algumas perseguições com a polícia, diferenciando bastante de Velozes e Furiosos, o que dá uma certa identidade ao filme, por mais que o diretor não consiga usar isso ao seu favor, com cenas poucos memoráveis.
Need For Speed justifica, ao longo de cansativas e intermináveis duas horas, por que é um filme que não teve sequência, é filho da suposta “maldição de adaptação de games”, quebrada a pouco tempo atrás, extraí tudo que os games tem de bom, numa fórmula de road movie durante boa parte das rodagem, sobrando 3 corridas, numa adaptação de game que é conhecido por corridas... Parabéns aos envolvidos.
Nota 4.0/10
Comments