A rotina da guerra
Baseado no livro de mesmo nome escrito por Erich Maria Remarque em 1929 e que já recebeu versões para o cinema antes, Nada de Novo no Front dessa vez vem sob a ótica do diretor alemão Edward Berger para apresentar, de forma explícita e sem massagem, os horrores da primeira guerra mundial, um conflito interessante de se abordar, pois diferente da segunda guerra, temos um conflito que começou com um "barril de pólvora" na região dos balcãs e explodiu por toda a Europa, é o clássico caso de não se sabe quem ou quando começou, mas todo mundo sabe quem terminou, acho que isso seria a definição certa para a Alemanha nessa guerra, pois ela foi puxada por aliados e quando os mesmos foram desistindo ou sendo subjugados, a Alemanha, por orgulho de sua bancada burocrata, acabou seguindo sozinha até o final, onde sofreu as maiores sanções da guerra, embargos pesados o suficiente para abalar o nacionalismo do povo alemão, sendo presa fácil para que, alguns anos depois, uma ideologia nefasta impregnasse o país como algo tóxico e corrosivo.
Aulas de história a parte, temos um filme de primeira guerra elaborado a partir de dois pontos de vistas, o primeiro, mais recorrente em filmes assim, o do soldado, que aqui, são um grupo de amigos que decidem se alistar ao exército germânico para honrar a pátria, defender o seu país... Enfim, qualquer coisa que é propagandeada para iludir o povo sobre a glória do combate, algo tao antigo na nossa sociedade como a própria formação da agricultura, o segundo ponto é o do burocrata, vivido aqui por Daniel Bruhl, que recebe a missão de negociar uma anistia, pois a Alemanha encontrasse completamente afundada em dividas e o povo, incluindo sua alta patente, já não querem prosseguir com a guerra.
O que torna o filme diferente de qualquer película de guerra que já vimos? Nada, mas há uma imprevisibilidade na trama que a torna, conforme a mesma avança, num retrato fidedigno do que é a guerra de verdade, soldados não morrem somente por balas e canhões, soldados morrem doentes nas trincheiras, se suicidam por não ver mais esperança na vida após serem amputados ou até são mortos em situaçoes de desentendimentos, tudo isso orquestrado por um roteiro o qual procura chocar e surpreender o espectador a todo instante, quando menos se espera, isso é o retrato de uma guerra, não aqueles filmes com imagens tão lindas e superficiais que beiram uma propaganda, é a situação em que o ser humano foge da sua ética e moral em busca de um objetivo, assassinando e fazendo as maiores atrocidades no processo.
Nada de novo no front ganhou 4 Oscars, incluindo o de melhor filme estrangeiro, é um primor técnico em cada sentido, os efeitos especiais podem estar um pouco abaixo dos filmes de Hollywood, mas são competentes para despertar no espectador o que propõem para cada cena, é um assustador retrato da guerra, enquanto soldados morrem no campo de batalha, os poderosos, em confortáveis assentos de couro, decidem o futuro da nação como se as vidas humanas perdidas fossem uma mera formalidade, um ótimo filme e que mereceu o destaque que teve na temporada de premiações.
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