O poder da oratória
Intensificaram durante os anos 60 diversos movimentos contra a segregação racial imposta aos negros e outras populações "não brancas" nos EUA, segregação essa, que muitas vezes, era até reforçada pelas próprias leis do país, que deveria assegurar direitos iguais a toda sua população, porém, através de um espectro extremamente racista e xenofóbico, limitava o direito de populações consideradas "diferentes", condenando as assim ao ostracismo da sociedade, pois sem os direitos e as oportunidades que a "elite" branca possuía, eram relegados a serem cidadãos de uma casta considerada inferior, isso infelizmente acontece até hoje e por isso, movimentos de direitos civis são tão importantes, pois através dos mesmo, relembramos o quanto igualdade é uma luta diária.
Porém, para citar o contexto do filme e não nossa realidade atual, durante os anos 60, existiram muitos exponenciais de resistência nos EUA, tais como Martin Luther King, um pastor que pregava a resistência negra e de minorias de forma não violenta, Malcom X, um convertido mulçumano que pregava que a resistência deveria ser feita de qualquer maneira necessária, por considerar aquilo como uma luta armada e o Partido dos Panteras Negras, com tendências consideradas socialistas pelos políticos americanos, mas que pregava a igualdade de direitos a população negra, de forma nao violenta, porém empregando, se necessário.
Nisso temos a história de um dos principais líderes do partido, Fred Hampton, interpretado de forma brilhante por Daniel Kaluuya, que emprega muito carisma a essa figura histórica, um líder por natureza, capaz de convencer, diversas pessoas, de sua ideologia, Kaluuya entrega uma atuação muito convincente tanto na vida pessoal de Fred quanto na sua vida política, tirando a questão da idade, foi um escolha bem acertada para o papel, assim como o do seu traidor, Bill O'Neal, interpretado por um ator que consegue entregar ótimas atuações até em filmes ruins, o que está longe de ser o caso desse grande filme aqui e Lakeith Stanfield brilha como essa figura controversa que participa do outro núcleo da trama, liderado por Jesse Plemmons, que interpreta o oficial Roy Mitchell, que manipula Bill a se infiltrar nos Panteras Negras após prende lo por um roubo, de forma a conseguir sua liberdade.
O filme decorre durante sua rodagem desses duas figuras bem antagônicas, de um lado temos o lider atruista e acolhedor de Fred e do outro temos o individualista e ganancioso Bill, num roteiro que sabe como mesclar esses dois lados, a direção de Shaka King é maestral aqui, pois não vejo nenhuma atuação fora do lugar, em composições extremamente criativas, tudo é orgânico e gira em prol da história, que a cada cena, fica mais tensa, pois para quem estuda história, sabe o final daquilo tudo, que culmina de forma extremamente brutal e violenta ao final do filme, os anos se passaram e o que vemos nos dias de hoje, em relação a minorias e a repressão estatal não mudou muito, não é mesmo?
Judas e o Messias Negro é um soco no estômago do começo ao fim, vemos os que as pessoas são capazes pela luta da igualdade, ao mesmo tempos, vemos o que nós, seres humanos, muita das vezes fazemos por conta do nosso próprio egoísmo, o que pode significar muita das vezes entregar alguém que de uma certa forma luta por você mesmo.
Nota: 9,5
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