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Foto do escritorHelder Fernandes

Homem de Ferro (2008)

I'm Iron Man...


Baseado num herói da Marvel Comics que até em tão quase ninguém conhecia até o dia do lançamento desse filme, a história da adaptaçao do herói de lata passa de animações mal feitas até um quase filme estrelado por Tom Cruise. Após a Marvel quase entrar em falência nos anos 90, por conta de uma bolha no mercado de quadrinhos, que pra resumir, basicamente começou a se ater em aludir o público em edições "exclusivas" (foco nas aspas) da mesma publicação, mas quando o público caiu na real que de fato aquilo que eles achavam que seria um item de colecionador era algo com milhares de outras cópias, o mercado de quadrinhos se encontrou uma crise tão violenta que quase faliu as duas gigantes, Marvel e DC, porém, se a DC encontrou folga nos braços da Warner Mídia, a Marvel não teve a mesma sorte, tendo que vender diversos direitos dos seus personagens para vários estúdios, para a adaptação em outras mídias, incluindo a cinematográfica.


Recontar esse filme é investigar a origem de algo que revolucionou de fato o cinema e o story telling, o universo cinematográfico, o filme Homem de Ferro nasce como uma tentativa solo da Marvel que, após ver seus personagens (com destaque para Homem Aranha e os X-Men) brilhando (ou não, pois pra cada acerto, tinham vários erros) nas mãos de outras companhias de cinema e firmando uma parceria de alguns filmes com a Paramount Pictures (até ser comprada pelo rato mais famoso do entretenimento, a Disney), conseguiu lançar esse que era a parte 1 de um plano deveras ambicioso, o de criar, assim como nos quadrinhos, um universos cinematográfico, que assim como uma grande série de publicações, lançassem conteúdos solos dos heróis afim de uni-los num grande crossover conhecido como Os Vingadores, o grupo da Marvel que contava com heróis como Hulk, Thor, Homem de Ferro, Viúva Negra, Capitão América e entre outros.


Muito fácil olhar hoje em dia, após ver como tudo se tornou e fazer uma análise baseada no resultado, mas não vamos ser anacronicos aqui, pois na época, era uma grande aposta, como falei lá em cima, Homem de Ferro era um herói que difícilmente ocuparia sequer a segunda prateleira do panteão de personagens da editora e o escolheram para ser o ponta pé inicial, a pedra fundamental dessa grande construção, tudo isso poderia ser um grande desastre, se não tivéssemos duas figuras importantes para tornar esse filme nao apenas em um sucesso, mas um marco pro gênero de super herói, Jon Favreau, o diretor que era um ator de comédia apenas razoável, mas que se mostrou um grande diretor aqui, dando toda a estética e encaminhamentos que o filme precisa, a aura rock e descolada do personagem e que se alastra no filme inteiro, desde a sua fabulosa composição sonora, assinada por Ramim Djalhadi e que tem uma presença marcante da banda australiana AC/DC e o tema tocado pelo Black Sabbath, até o roteiro, que apesar de ser base pra algo que se tornou maçante hj em dia, ali apresentou uma dose de ar fresco ao gênero, seu protagonista Tony Stark (Robert Downey Jr) não começa como um herói propriamente dito, o personagem é arrogante, narcisista, petulante, trata as pessoas a sua volta com desdém e age como um verdadeiro playboy, contrariando e muito o jeito que os heróis são apresentados geralmente. Robert atuou praticamente como um anti herói durante boa parte do filme e essa mudança que o personagem passa, depois de um evento traumático, que nos faz associar e torcer por ele, Downey está insanamente comprometido com o papel no filme, a construção do personagem é incrível, o ator e o texto se mesclam com ele em tela de uma forma homogênea, de fato escolheram o ator certo e o filme dá muitos momentos para que ele brilhe, seja no drama quanto na comédia e ação, digo mais, talvez esse seja o melhor herói trazido para tela grande, alguém humano, cheio de erros e falhas, mas os compensa se arrependendo por sua falta de empatia e começa a fazer o certo, alguém teve que aprender sozinho a fazer isso, já que era cegado por seu dinheiro e influência, tentaram replicar esse tipo de construção inúmeras vezes, mas sem sucesso, Downey é especial e seu cachê multimilionário (até "sair" da franquia) revela isso, com uma mistura de ótima atuacao, excelente timing cômico aliados a um com um carisma fora de série.


A história, como falei, é a tradicional jornada do herói, porém, o roteiro consegue aliar isso a um personagem em transformação, esse é o principal trunfo do filme, no geral, todos os atores estão bem, único que tenho algumas retricoes é o personagem Obadyah Stane (Jeff Bridges), o ator é excelente e consegue elevar o texto, passando de uma figura quase paterna do personagem, para alguém mudando suas atitudes para pior enquanto Tony tem seu desencargo de consciência, não aceitando a forma filantrópica que Tony começa a lidar com as coisas, agindo quase como se fosse um "anti Alfred", uma versão extremamente gananciosa e maléfica de Tony Stark, uma visão deturpada do então protagonista, com os mesmos traços de cinismo e falta de empatia que o personagem tem no começo, porém, o personagem cai na maldita fórmula de colocar um vilaozao no final, pois o embate entre os dois, que até então era algo inteligente e bem orquestrado, cai na mesmisse de resolver tudo na porrada, deixando o final de algo tão criativo durante toda a projeção, em algo genérico e forçado, apenas para ter um terceiro ato bombástico, um erro, que a Marvel parece não ter aprendido (salve algumas excessões) até hoje. O que salva o final de virar algo genérico são as últimas cenas, que apontam as pistas para a sequência e a cena pós crédito, que virou uma tradição e aqui é utilizada de forma brilhante pelos realizadores.


Homem de Ferro é o pináculo do universo cinematográfico da Marvel, a produtora, que parece atualmente ter o objetivo de saturar o gênero enquanto faz o maior número de dinheiro, deveria olhar para sua primeira obra e buscar, no passado, uma forma de mudar o seu futuro, que não parece tão bom desde Vingadores Ultimato, esse filme é puro rock and roll, apesar do filme quase vacilar num terceiro ato preguiçoso, merece ser revisto, mesmo cerca de 15 anos de lançamento.



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