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Foto do escritorHelder Fernandes

Game of Thrones (2011 - 2019)

Um marco na televisão


Sempre fui muito fã das séries da HBO, quando era adolescente, estudava a tarde e costumava ficar atoa acordado até às tantas da manhã (saudades) oras jogando vídeo game, oras vendo televisão e quando esse era o caso, quase sempre na madrugada, não, não é exatamente o que você pensa, passava a série OZ no canal de tv do dono do milhão, diferente do que possa parecer, a série não tem nada haver com o aquele filme do Mágico, apesar de carregar referências que sao contrastadas na série de uma forma ácida e nebulosa, mas sim uma série adulta (em todos os sentidos, diga se de passagem) sobre um grupo de prisioneiros do presidio de segurança máxima Oswald, a série apresentava uma dose cavalar de violência, uso de drogas e sexo (explícito, em vários casos), porém o texto, totalmente cabeça e muito bem escrito era marcante o suficiente para conquistar o jovem assistindo ali a ver a série, além da brutalidade da mesma.


Oz é uma série que marcou minha visão sobre o Audiovisual para sempre, me fazendo consumir, cada vez mais, mídias desse tipo e quase sempre, com algumas poucas excessões, me levava ao canal com o conteúdo mais caro da teve a cabo. Séries como The Wire, Westwood, Sopranos, Roma, Sex and City e tantas outras moldaram minha cultura pelas séries e de uma certa forma, me fizeram pegar uma fase áurea da HBO, onde de fato, o material de televisão rivalizava com os filmes, sendo, de uma certa forma, até mais corajosos que a mídia cinematográfica, já que, por não se preocupar tanto com a audiência e apresentar conteúdos com censura alta, a criatividade dos realizadores era levada ao máximo, por mais que coisas banais como violência, sexo e drogas sempre fossem o "carro chefe" para conduzir o público médio desavisado para suas series, o texto era muito inteligente.


Partindo disso, toda essa introdução foi elaborada para introduzir o padrão da emissora da presente série, Game of Thrones não é uma série que veio do nada, baseada no tijolos de George R.R Martin, tijolos por conta da grossura dos livros da série literária "As Crônicas de Gelo e Fogo", o romancista, acostumado a roteirizar séries, parece ter criado um material sob medida para ser adaptado pelo HBO, que anos antes, havia aprendido, entre erros e acertos, como fazer uma série parecida com Roma, uma serie histórica caríssima (e excelente por sinal), mas que falhou justamente por pegar um fim de festa das obras que abordam a civilização romana que se iniciou lá em Gladiador e veio a exaustão até a presente série, além do que, apesar da qualidade, a grande questão de Roma é que faltam personagens em que o público se identifique, porém sem sombras de dúvidas, o orçamento quase desenfreado foi o fator principal da queda da série, aqui em GOT, a emissora aprendeu muito bem as lições, investindo mais nos pontos positivos e limando os negativos.


A narrativa da série é multifacetada, já que temos diversos personagens sendo abordados e ganhando protagonismo, algo difícil de se fazer e que GOT, aliado ao texto de seu autor original que já tem esse espectro, tira de letra, vemos diversos membras das casas aristocratas de Westeros, um grande continente liderado por Robert Baratheon (Mark Addy), primeiro de seu nome e de sua "dinastia", já que a série se apoia demais, ao menos em sua primeira temporada, em eventos anteriores e que são apenas dialogados pelos personagens, evento esse que é a grande guerra civil de Robert, Ned Stark (Sean Bean) e um grupo de conspiradores contra o então governador de Westeros, Aerys II, também conhecido como "rei louco", o que desencadeia o conflito são os assassinos do pai e irmão mais velho de Ned de maneira bruta pelo rei louco e o rapito da irmã de Ned pelo então filho do rei Targeryan, o que gera uma revolta que só termina com a conquista do trono pelo jovem cervo, animal esse que é o símbolo de sua casa.


Se torna impossível falar da série sem citar o seu riquíssimo lore, os personagens são cativantes e suas histórias são cheia de reviravoltas, atuações muito boas e um texto no pico da arte, quando digo personagens, não falo apenas dos principais, a os quais a história recebe atenção, mas dos coadjuvantes e até de atores que passam por pouquíssimas cenas, o casting foi acertadissimo aqui.


Eu gostaria de dividir a série em três partes, pois, nada nessa vida é perfeito e em 8 temporadas, a série da HBO enfrenta altos e baixos, começando como uma obra prima, alcançando um pico de relevância e produção absurda até um final apresado em controverso, então vamos mergulhar nisso


Temporadas 1 a 4: A era de ouro da TV


As primeiras 4 temporadas são maestrais, tudo aqui funciona, o show aprende com a série Roma (que serviu de base para muito coisa aqui) e foca mais nos personagens do que nos grandes conflitos, que, por mais que existam, são resoluções para o grande quebra cabeça pela guerra por Westeros, que de fato só comeca na segunda temporada, tornando a primeira numa grande introdução naquilo que veremos a seguir, uma série brilhante e que não tem medo de arriscar, tornando numa obra extremamente desafiadora e surpreendente.


Temporadas 5 e 6: Quase um novelão


O final da terceira temporada é histórico, deixando todo mundo que assistiu atônito e criando um verdadeiro hit da internet, a quarta temporada consegue entregar um trabalho quase tão bom quanto da terceira, considerando isso, temos uma queda na qualidade do texto da série, que ainda não é absurda, temos grandes momentos aqui, porém a série, perde um pouco de sua imprevisibilidade, especialmente na sexta temporada, onde não temos mais materiais dos livros e os showrunners, David Beniof e D.B Weiss começam a andar nas sombras, entregando tramas que mais parecem um grande novelão do que justamente um trabalho baseado num texto de George RR Martin.


Temporadas 7 e 8: "Eu só quero terminar o meu trabalho"


Sabe quando alguém, após meses fazendo um trabalho acadêmico, estudando tudo que tinha pra estudar, porém, esquece que precisa terminar o trabalho, últimas páginas faltando, no dia anterior a entrega? Essa é a sensação que tenho das últimas duas temporadas, que entram num piloto automático de fantasia tão grande, a ponto de descaracterizar a série em questão, apostando mais na visão comercial do que a autoral, virando de vez uma série de fantasia padrão e genérica, sem coerência nenhuma com seu texto e personagens, terminando uma das maiores séries de todos os tempos de uma forma abrupta e controversa, não por escolhas criativas, mas por parecer que a criatividade realmente tirou férias mesmo.


Game of Thrones é o marco da televisão, suas primeiras temporadas são verdadeiras obras primas e por mais que a série se perca no caminho, sinto falta de ter uma série tão hypada e comentada como essa nas noites de domingo, espero que A Casa do Dragão, série spin off dessa, consiga o mesmo grau de fama e texto de seu conteúdo anterior, não se perdendo apenas para visão comercial no processo.

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