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Foto do escritorHelder Fernandes

Duna: Parte II (2024)

Duna: Parte 2 (Sem Spoilers)


Um choque de 220 v


O livro Duna de Frank Herbert é talvez uma das principais obras de literatura, não só dá ficção científica, mas da história da humanidade, assim como a adaptação de outra série de livros importantíssimas, O Senhor dos Anéis, muitos achavam impossível adaptar e fazer o translado dessa obra para a grande tela, isso reforçado após o fracasso retumbante do filme dos anos 80, dirigido por David Linch e retalhado pelos produtores.


Eis que chegamos no século 21, Senhor dos Anéis já recebeu uma trilogia sensacional de filmes, o qual o terceiro filme, é recordista em premiações no Oscar e ouso dizer que, se Dennis Villeneuve continuar nessa pegada com um terceiro e vindouro filme (o qual estou apostando que deve ser anunciado em breve), teremos um sério concorrente de maior trilogia da história do Cinema.


A primeira parte é um filme de castigo diria, a todo o momento, seus protagonistas e personagens principais parecem a cada passo que dão, estarem andando igual o Curupira, sempre para trás, sendo pegos em maquinacoes e empurrados rumo ao precipício, ao ponto mais baixo, como se estivéssemos presenciando um autor sadomasoquista, nível George RR Martin ou o autor de Jujutsu Kaisen, que so quer ver seus personagens se ferrando, mas aqui na segunda parte, Dennis se aproveita de toda a parte introdutoria e necessária para qualquer obra, no intuito de fazer seus personagens crescerem e se desenvolverem, empoderando da forma mais literal possível, seus personagens principais.


Duna 2 é um filme de escopo gigantesco, mas que consegue ser muito mais íntimo, sentimental e até brutal que seu antecessor, aqui acompanhamos um Paul Atreides, interpretado de forma magistral por Timothee Chalamet, em sua jornada de amadurecimento, começando com um desacreditado Paul, o qual terminou a parte 1 e crescendo e se desenvolvendo num herói e líder de guerra, completando os passos de sua “profecia” o qual o mesmo renega, porém, acaba sendo manipulado para cumprir o seu destino, a tempos eu não presenciava a transformação tão gradual e impressionante de um personagem, diria que poucos filmes, como Poderoso Chefão, Scarface, Cidade de Deus para dizer alguns tem um protagonista tão complexo e que consegue mudar de alguém meio alheio as coisas para um personagem completamente frio e calculista, Timothee mostra aqui o por que de ser um dos melhores atores de sua geração e seu Muadib é marcante em todos os sentidos.


Quem também faz um papel excelente no filme é Zendaya como Chani, a personagem ganha diversas novas camada aqui, sendo aquele típico “opostos que se atraem”, vemos desde o começo uma química sensacional entre os dois personagens, mas com Chani a priore afastando Paul por ser estrangeiro, pela sua pessoa, para uma gradual amizade e depois um relacionamento, onde Chani parece de verdade ama lo, porém tem medo de perde lo, pois o destino dele é sombrio demais, não consigo ver egoísmo por parte da interpretação de Zendaya, mas medo e preocupação, a relação dos dois personagens é o tema central do primeiro ato da obra, onde o diretor estica as cenas entre eles e ao decorrer do filme, assim como Chani, ficamos dolorosos com o destino de um personagem que será capaz de fazer tantas coisas questionáveis, sendo um contraponto também da personagem Lady Jéssica, interpretada por Rebecca Fergunson, a atriz que gosto muito desde Missão Impossível 5 brilha aqui, sendo o fogo que Paul Atreides precisa para basicamente explodir tudo em sua volta, uma personagem extremamente manipuladora e central na trama, a fazendo se movimentar, Fergunson encarna o papel com muito carisma e inteligência.


É impressionante quando digo todos os coadjuvantes e participações especiais funcionam, dado o escopo desse filme, mas é o que posso dizer e talvez fale mais quando fazer um review com spoilers, talvez minha única crítica se deva ao tempo de tela que os Harkonnens ganham, comparado ao primeiro filme, aqui temos uma adaptação quase que literal do ponto de vista empregado no filme, os antagonistas ganham pouco tempo de tela, reclamo pois quando aparecem, são de fato muito bons, com especial para o Feyd Rautha de Austin Butler, o ator de “Elvis” faz um psicopata por total e completo, que tem um senso de honra, por mais que essas noções sejam antagônicas, Butler consegue realizar essa dicotomia de forma magistral.


Em aspectos técnicos, não tenho outro elogio se não quase perfeito, nada é perfeito na vida, mas a produção aqui se aproxima disso, a direção de arte, figurino conseguindo retratar esse mundo distópico, futurista, mas que ao mesmo tempo, é bem retro em alguns aspectos, que trilha sonora fantástica de Hanz Zimmer! Se muitos o criticam de chamar a atenção demais, aqui, a trilha quase se camufla junto ao design sonoro do filme, criando emoção e sendo monumental na hora que precisa.


Mas eu seria omisso se não parabenizasse o seu principal idealizador, de onde todo esse sonho surgiu, Dennis Villeneuve, o qual sou fã de carteirinha, consegue aqui criar uma das maiores obras de ficção científica de todos os tempos, um clássico instantâneo, uma obra que futuros idealizadores irão olhar e se sentirem fisgados pelo que o cinema pode oferecer, dos mundos e personagens que podemos criar, daquilo, que até então era apenas um sonho de criança, mas, com muito trabalho duro e colaboração, podemos botar em prática.


Duna: Parte II é um clássico, sem me estender muito, veja na maior tela possível com mente e corações abertos, por que ao final das mais de duas horas e quarenta, eles seram, de alguma forma, preenchidos.



Nota:10/10.

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