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Foto do escritorHelder Fernandes

Creed 3

O conto de fadas do esporte


O primeiro filme da franquia Rocky é um filme único na sua época, roteirizado e atuado por Silvester Stallone, um ator que até aquele tempo, acumulava poucos trabalhos em Hollywood, que escreveu aquele roteiro após assistir um luta do ídolo do esporte, Rocky Marciano, escrevendo o roteiro em poucos dias, roteiro esse que foi negado por diversos produtores, pois o mesmo não abria mão de uma condição, estrelar o filme. Essa perseverança se viu em toda trajetoria daquele filme, que narra a ascenção de um personagem a beira do fracasso que agarra a chance da vida com todas as forças, sem desistir, mesmo sendo surrado durante a oportunidade.


Viajamos mais de meio século depois e temos Creed 3, o primeiro filme sem o criador daquele roteiro que virou uma série de filmes, seis com o personagem Rocky como protagonista e agora o terceiro, com Michael B. Jordan estrelando e pegando as redias da direção como Adonis Creed, filho ilegítimo daquele que no começo era o principal antagonista, mas que se torna um amigo de Rocky Balboa, o personagem de Stalone faz falta aqui, é estranho como ele é apenas mencionado e pouco se fala da situação dele agora, muito disso se deve a brigas de bastidores entre Stalone e os produtores do filme, o que torna sua ausência muito sentida aqui. Dito isso, devo começar com as minhas retricoes a franquia, ja que sou um admirador de esportes de combate, para mim, nunca consegui ver algo similar a realidade nos combates e na narrativa, o que não é ruim, ja que na sua essência, o roteiro do primeiro filme nasceu como uma grande fábula, que pega o mundo do boxe apenas com o intuito de romantizar uma história, fazer o mundo violento e estratégico do esporte em questão virar um trama que crítica o "jeito americano de viver" e coisas pertinentes a realidade da população pobre e oprimida dos EUA.


Em Creed 3, temos logo no começo, a aposentadoria de Adonis Creed, que começa a dedicar mais tempo para sua família e o treinamento de novas lendas do esporte. Quando isso acontece, uma figura de seu passado, um amigo de infância, Damian "Diamond" Anderson (Jonathan Majors) surge, após anos preso, Dame precisa da ajuda e influência de Adonis para recuperar o tempo perdido, mas as coisas começam a sair de uma forma que Creed, dominado pela culpa, não planeja. Como falei lá em cima, é difícil ver traços da realidade nos roteiros dos filmes da franquia, pois, a premissa em si, apesar de personagens interessantes é falha e até ridícula, se pararmos para pensar, Michael B. Jordan por exemplo, não demonstra nenhum sinal de velhice no filme, o cara tá no shape, cheio de saúde e o roteiro quer colocar, num mundo real que lutadores de boxe passam dos 40 em alto nível, um ator de 36 anos como se tivesse no final de carreira, literalmente, num mundo onde temos Floyd Mayhether, Popô e tantos outros quarentões lutando e demostrando um nível interessante de boxe, o roteiro coloca que um cara com pouco menos de 40 lutas profissionais ja está acabado.


E vou além, o personagem de Majors, que passa, pasmem, 18 anos na prisão, lutando contra pessoas na cadeia que não tem nível de boxeador profissional e consegue ganhar de um campeão mundial, desculpa pelo spoiler, mas eu precisava falar isso, pois é um dos tantos absurdos que o roteiro quer impor na nossa guela, achando que o público provavelmente é pouco inteligente ou não conhece nada de luta, chega a ser ridículo para quem conhece a nobre arte e repetitivo para quem viu todos os filmes da franquia, ja que o mesmo tenta replicar coisas que aconteceram no primeiro filme de Stalone, o problema é que a luta em que Rocky participa era uma mera exibição, não um título mundial dos pesos pesados igual o filme coloca, sei que hoje em dia parece que os cinturoes não tem valor, pois há lutadores com vários deles, mas aí não né, parece que o cinturão de boxe vale o mesmo que um Kinder ovo, porém, eu gostei muito da performance do ator, que é digna de nota, conseguindo rivalizar com Michael B Jordan, que também é excelente no papel, o diretor e protagonista coloca algumas referências a animes, os quais Michael é fã, inclusive, tem algo mais anime que o amigo do protagonista que paga de humildão, mas na realidade é um grande mal caráter? Responda isso.


Mas vou falar sobre um fator definitivo para esse filme que é a edição e montagem, devo dizer que o filme acerta muito aqui, o uso de câmera durante as lutas e cenas de montagem de treinos são muito boas, a edição promove uma excelente transição e visualização de socos e movimentos de combate, porém, sinto que há muita coisa cortada nesse filme, apesar de um ritmo lento durante boa parte da duração, chutaria que muita parte de Majors talvez, ja que o filme dedica tempo demais aos dramas de Adonis, que as vezes cansam por conta da falta de variação e uma temática que meio que se perde no final, Majors é o personagem mais interessante e quando tem sua virada, que é motivada pelo passado e por ações do próprio Adonis, Damian vira mais um vilão genérico da franquia, estranho, pois o personagem vinha sendo bem construído e quando finalmente está pronto, o tornam unidimensional, um desperdício de potencial, do ator que vira mais um vilão a ser batido.


Creed 3 é um filme fantasioso e que esquece da realidade igual todos da franquia Rocky, se você tem restrições a respeito disso, não é um filme para você, mas eu particularmente gostei do filme, achei um entretenimento seguro e acredito que a franquia ainda tem lenha pra queimar.

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