A genialidade vista por um tradicionalista.
Wolfgang Amadeus Mozart, talvez junto com Bethoven, seja o pianista mais famoso da história, sua vida e suas obras sao lembradas até o dias de hoje, seja por coisas simples, como toque de celulares ou inspirações para os grandes mestres da música erudita, mas afinal de contas, numa época de tão grandes artistas, é claro que tivemos alguns que fizeram sucesso a época, mas seus nomes são pouquíssimos lembrados, como o caso de Antônio Salieri, afinal de contas, todos foram grandes artistas, mas além disso, o que torna um lembrado e refenciado enquanto o outro uma nota de rodapé da história?
A partir dessa temática que se inicia Amadeus, uma das grandes obras de Milos Forman, o qual também dirigiu O Estranho no Ninho, o diretor aqui, no texto adaptado de uma peça teatral, propõe um debate entre o inovador e o conservador (não no sentido político da palavra, pelo amor de Deus, para de coçar esse dedo aí) da modernidade contra o clássico, ultilizando essas duas figuras históricas, que sim, viveram mais ou menos na mesma época e não se tem relatos de que foram tão próximas quanto o filme mostra, o filme não está interessado em reescrever a história, mas algo que ele faz bem é de elucidar o quanto, a sua maneira, ambos foram importantes para o seu meio, só ignora a parte que eles eram rivais ou coisa assim, isso é mais um debate temático, uma narrativa para o filme andar do que um fato histórico, afinal, estamos tratando de ficção aqui, lembram?
Nesse sentido, o grande personagem do longa é um recentido Sallieri, interpretado de forma maestral por Fahrid Murray Abraham, o ator entrega todo o recentimento de um adulto em relação a um prodígio mais novo, passando para uma empatia e depois, com seu personagem nas cenas que ele narra o filme, mais velho e arrependido de forma muito orgânica e cheio de camadas, seu Oscar pelo papel é extremamente justificado aqui, ele é a antítese do que Mozart representa, apesar de terem criações relativamente iguais, porém enquanto Salieri interpreta a música com um certo fanatismo, Mozart é o outro lado da moeda, vendo a música como um objeto de expor seus sentimentos e de prazer. Falando em Mozart, acho que a interpretação de Tom Hulce como o personagem título do filme nao é tão boa quanto os personagens que o cercam, gosto da sua fase de menino mimado, por que ali o ator entrega suas melhores linhas, porém, numa fase mais recentida no final, sua interpretação deixa a desejar, sendo carregado (e muito) por uma brilhante Elizabeth Berridge, que faz sua esposa, a atriz carrega sozinha algumas cenas, não que Tom esteja ruim, longe disso, mas comparado com Elizabeth, Fahrid e ate com Roy Dotrice, que interpreta o pai de Mozart, sua atuação é uma nota mais baixa que os outros.
Amadeus é um filme que fala sobre a grandeza vista por aqueles que não conseguem sair da caixinha e ver que algo realmente inovador está sendo feito diante dos seus olhos, mas isso é a síndrome dos tempos, afinal de contas, sempre a geração anterior acha que a sua é melhor, ignorando que na verdade, para o futuro, o que vivemos hoje será o genial de amanhã, fazendo com que muitos artistas não recebam seu devido respeito em vida, vemos isso até os dias de hoje, nao acham?
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