Alien Romulus (2024)
Cachorro velho, truques novos
1979, o ano que o primeiro filme da franquia Alien foi lançado, que por sinal, foi uma grande aposta, já que se analisarmos cronológicamente os tipos de filmes de terror espacial antes dessa época, tínhamos em sua esmagadora maioria filmes de menor orçamento, considerados “filmes b”, onde as criaturas claramente não tinham nenhum refino técnico, até que, Ridley Scott junto com o gênio das artes plasticas H.R Giger criaram o Xenomorfo, um monstro que combinava feições falicas com um corpo semi humanoide, com calda de réptil e uma cor cinza prateada, que o fazia se misturar ao ambiente escuro e metalico da Nostromo, a nave em que o filme se passava, criando toda uma faceta de horror cósmico, o medo do desconhecido, que foi replicada várias vezes desde então.
O impacto do filme Alien: O Oitavo Passageiro foi tao grande na cultura pop e cinematográfica, que gerou uma franquia, que entre altos e baixos, conseguiu alavancar muitos fãs, porém, é uma fórmula que parecia estar desgastada, tanto que houve até uma junção com outra franquia que parecia viver seus dias finais, Predador, para tentar colocar algo novo na franquia, num resultado misto de bilheteria e crítica, o que gerou súplicas para o então primeiro diretor da franquia, Ridley Scott, voltasse ao universo alien, o que aconteceu em Prometheus, um filme que levava a franquia para novas direções, com a sua sequência, Alien Covenant voltando ao melhor terror espacial do início, porém, a recepção mista do filme minaram qualquer ideia de sequência.
Então chegamos a 2024, onde é lançado Alien Romulus, dirigido por Fede Álvarez, o diretor uruguaio que fez o brilhante Homem nas Trevas (o qual a estrutura é base pra esse filme, vou comentar sobre isso mais daqui a pouco), Evil Dead e outros filmes de terror, que é o gênero que o realizador domina, e produzido por Ridley, que dessa vez resolveu abrir espaço na direção para alguém como novas ideias, apesar de contar muito com o lore e os filmes anteriores para firmar seu filme.
Em termos de trama, posso dizer que esse filme é uma mistura do primeiro Alien com o Homem nas Trevas, filme esse onde temos um grupo de jovens entrando numa casa que parece fácil de ser invadida (só trocar a casa pela nave do filme analisado), onde acabam encontrando um veterano de guerra cego, que se guia pelo som, exatamente como temos um longo seguimento do filme em que os principais monstros são os Face Huggers, que aqui ganham todo um aspecto aracnídeo, que atacam em bando, mas temos o Xenomorfo também, porém esse aparece lá na metade do filme, numa cena de nascimento muito boa, aliás, digo que esse filme é bem competente no que se propõe, Fede está em casa aqui, seja pelo seu roteiro (o qual também assina) seja por sua direção que está ótima aqui, conseguindo extrair o melhor de sua equipe técnica e de seus atores, que consigo destacar melhor a nova queridinha de Hollywood, Caille Spaeney como Raine, que convence com uma interpretação que precisa alternar com uma garota inocente e cheia de compaixão, para alguém que precisa enfrentar um desafio igual ao alien, além de sua relação com o Android Andy, interpretado por David Jonsson, que também precisa interpretar de duas maneiras ao decorrer do filme e as faz com maestria, o restante do elenco é bem estereotipado, comum para um filme de terror, porém alguns recebem nuances boas o suficientes para nos fazer ser empáticos com os personagens.
O filme se apoia demais na nostalgia, colocando diversas referencias de filmes antigos para o espectador, porém, se posso apontar um erro grave desse filme é a sua parte final, uns 20 minutos antes de terminar pra ser claro, o filme coloca os protagonistas em dificuldades durante toda a rodagem, pra derrepente, ele aliviar a tensão e virar um filme de ação genérico, isso foi um erro grave, pra falar o segundo erro que achei, preciso entrar em spoilers, então, caso não tenha visto o filme, pare de ler por aqui.
O final do filme é uma cópia, quase que cuspida do primeiro filme, o único elemento “novo” que temos é o nascimento do Xenomorfo híbrido, mas nem assim é novo, já que tivemos isso em Alien: Ressurreição, pra mim foi ate difícil de escrever sobre esse filme, a sensação que deixou em mim é de frustração, sabe aquele jogo que um time amassa o adversário, mas toma um gol besta no final? Essa e a sensação que eu tive com o filme, eu gostei bastante de toda a jornada, pra mim, é o melhor filme da franquia que temos em anos, mas pesa muito o fato dele se apoiar demais em nostalgia e seu final copiado de outros filmes da franquia, parece que o filme não tem personalidade, penso que daqui um tempo, terei a mesma impressão que tenho de O Despertar da Força, um filme bem feitinho, que parece feito na medida pra agradar todo mundo, mas que no final, alem da nostalgia, nada se sustenta, isso e do final apressado e fácil por assim dizer.
Alien Romulus é o melhor que recebemos da franquia em muito tempo, porém, é um filme que parece feito sob medida pra não desagradar, mas com um final que não parece ter sido revisado com tanto esmero que o restante do filme foi, deixando um gosto estranho na mente de quem assiste o filme.
Nota: 7/10