O ápice da animação oriental
Durante a década de 80, tivemos a massificação de obras japonesas para o mercado ocidental, fascinados pela animação bem melhor em termos técnicos do que as animações padrões produzidas pelos estúdios americanos, os animes japoneses, derivados de mangas e obras da cultura pop daquele país tinha uma história e lore bem maior e com mais material.
Akira, baseado na obra homônima de Katsuhiro Otomo, conta a história de dois personagens principais, Kaneda e Tetsu, Kaneda, um líder de uma gangue de motoqueiros é um jovem extremamente descolado e ousado, que busca sempre ser o melhor da gangue, porém tem um espírito de irmandade com todos os membros, incluindo Tetsu, que começa a história como mais um ajudante, porém, conforme a trama avança, começa a ganhar mais destaque e desenvolvimento, sendo o personagem que de fato mais se transforma conforme a projeção vai chegando a o fim, se firmando como o antagonista, porém Kaneda também se desenvolve, saindo de um mero causador de problemas para um herói, muito disso pela influência de Kei, uma garota que ele conhece durante protestos contra o governo japonês.
Mas classificar Akira como uma obra que fala somente sobre dois personagens é um desserviço a obra, pois a mesma pega diversos elementos diferentes e os junta na sua trama, porém, diferente dos quadrinhos, as subtramas e temas de Akira ficam diluídas ao extremo no filme, sem muito desenvolvimento, mas está ali, fazendo o expectador refletir ao final que trama a avança.
O que tornou a obra tão conhecida não foi apenas a história, mas a sua parte técnica, a animação, desenhada com 24 frames por segundo, da um grau inovador ao produto, pois tudo parece estar bem desenhado a cada momento, dando fluidez aos movimentos e destacando mais as cenas de ação, que são muito bem boladas pelo roteiro. A composição sonora do filme é outra coisa que merece destaque, usando um estilo de trilha que soa como se algo antigo encontrasse um aparato de som mais moderno, com muitos toques que lembram intrumentos japoneses, é engraçado que Akira e Ghost in the Shell (o qual falarei qualquer dia) utilizem desse tipo estética sonora, ambas obras são marcos da cultura japonesa.
Akira é uma obra atemporal, fazer um remake ou uma adaptação Hollywoodiana em live action igual se especula desde sempre seria algo muito difícil, pois aqui temos um criador de mangá que adaptou sua obra para a grande tela, tudo aqui funciona, até o roteiro, que é uma colcha de retalhos comparado ao manga, funciona por focar na dualidade de seus dois personagens principais, que são memoráveis e esquecendo um pouco da complexidade do universo criado por Otomo de lado, vale a pena assistir, pois apesar de estar para completar 35 anos, ainda continua mais moderna e estilosa do que muita coisa atual.
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