The Real Slim Shade
O rapper Eminem teve um começo bastante controverso na indústria da música, inicialmente sendo acusado de se “apropriar” da cultura negra, com ele sendo branco, de forma a ganhar fama, sendo meio isolado de alguns dos maiores nomes do movimento do hip hop por conta disso. Assim quando comeca a criar laços mais forte com um figurão da produção de hip hop, o lendário Doctor Dree, Eminem começa a propagar ainda mais a imagem de garoto problema, o “Slim Shady”, seu vulgo de artista que só queria criar confusão, seja na sua vida particular, com letras que tiravam sarro da sua mãe e de sua vida pregressa a fama até as outras celebridades que o viam como rival e até da indústria do entretenimento como um todo.
A partir do filme em questão, começamos a perceber um certo amadurecimento de Eminem como artista, o filme pode ser acusado de ser uma propaganda em prol do cantor, por conta de narrar vagamente sua história de vida, mas o que discutirei aqui é qualidade da obra em si, afinal de contas, o que não é fabricado numa narrativa filmica?
O filme narra a história de Jimmy “B Rabbit” Smith, interpretado pelo mesmo Eminem, um rapper que divide sua vida entre um emprego numa fabrica e o mundo das ruas, onde participa de algumas batalhas de rima, o interessante do personagem é que mesmo com Eminem não fazendo uma interpretação digna do personagem, é difícil imaginar outra pessoa fazendo o mesmo, pois tudo sai muito natural e orgânico, ou seja, em termos dramáticos, a interpretação dele é ok, mas agora em termos de imersão, se torna bem mais engajante. Durante toda a produção, acompanhamos um protagonista que parece dar um passo para frente e dois para trás a todo momento, é quase como se fosse uma antitese a recompensa, o personagem constantemente sai derrotado, ate quando há uma vitória, não parece algo completo e lá na frente, acaba se revelando uma conspiração contra ele, sua vida pessoal consegue se pior ainda, morando num trailer, com uma mãe problemática e uma irmã pequena, isso torna o personagem interessante de se acompanhar, pois naturalmente, gostamos da figura do azarão, daquela pessoa que o destino parece estar contra o tempo inteiro, mas nunca se dá por vencido, sempre tentando a volta por cima, mesmo que ela pareça impossível de acontecer.
O filme inteiro é feito para Eminem brilhar, e olha que temos um grande elenco, atores como Michael Shannon, Anthony Mackee, Kim Basinger, Brittany Murphy e entre outros, que entregam performances muito boas, extraídas pelo diretor Curtis Hanson, que dirigiu, entre outras obras, o também excelente “Los Angeles: Cidade Proibida”.
E eu não poderia esquecer da trilha sonora desse filme, muitos só conhecem “Lose Yourself”, ok, isso é justo, já que é uma canção clássica (vá treinar alguma luta e se não a tocarem durante algum treino, você ainda não sabe o que é ser dopado por uma música) mas as outras composições são excelentes, claro, pra quem curte hip hop.
8 mile é um filme que faz propaganda de seu principal astro, porém, é uma história engajante de um homem procurando lutar contra o que a vida lhe propôs, mesmo que a vitória não seja garantida.
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