O fim da era Craig
Minha paixão pela franquia 007 surge da minha infância, ao assistir Um novo dia para morrer, sim, hoje o considero o pior (de longe) da franquia, um filme que mira em muita coisa e não acerta nada, confuso e desconjuntado, mas esse sou eu, de agora 28 anos, formado no faculdade e com um senso crítico falando, meu eu de 7 anos de idade era bem simples e se divertia com menos, pena que a infância não é eterna e uma hora a gente precisa crescer, amadurecer e se tornar responsável pelos seus atos.
E falando de amadurecimento, foi isso o que a era Craig, com o filme que veio posteriormente, Cassino Royale, lembro de todas as críticas que os fãs fizeram em relação ao ator principal, de ser loiro, de ser baixinho (???) e até de não ter um porte físico digno de James Bond, bom, graças aos deuses do cinema, toda essa falácia foi empurrada de um despenhadeiro em menos de 10 minutos de filme, onde somos apresentados a primeira missão do agora 007 e uma perseguição a pé, juntando parkour e uma coreografia de luta impressionante até hoje, que toda a espectativa negativa foi engolida pelos fãs mais fanáticos, víamos um James Bond extremamente fiel ao que Ian Fleming criou, bem parecido com a versão de Timothy Dalton, o qual o mundo não estava preparado pra ver na época, mas estávamos na era Batman Begins/ Bourne, mistura essa que influênciou demais os filmes que vieram até o filme presente, Sem Tempo para Morrer.
No filme dirigido por Cary Fukunaga, James Bond (Daniel Craig), 5 anos após ser emboscado pela Spectre enquanto curtia a sua aposentadoria com Madeline Swan (Leia Seydoux), que o mesmo a abandona por pensar que o traiu, precisa retornar ao mundo da espionagem junto com seu amigo Felix Leiter (Jeffrey Wright) para caçar os membros da organização terrorista restantes enquanto lida com a ameaça de Lyutsifer Safin (Rami Malek), alguém que parece ligado ao passado de Madeline e da própria Spectre.
Os 5 filmes da era Craig (Cassino Royale, Quantum of Solace, Skyfall, Spectre e Sem Tempo para Morrer) foram reintegrando para franquia diversos elementos e personagens dos filmes clássicos de uma forma orgânica e o filme em questão, por ja ter nascido como algo que encerraria todo esse arco, se preocupa em de fato, acabar com tudo que pode encerrar, matar diversos personagens e ser um "final" digno a essa pentalogia, sabemos que daqui a pouco encontraram algum outro ator para fazer o personagem, afinal de contas, estamos falando de negócios, porém, graças a falta de continuidade, Sem Tempo para Morrer faz algo diferente para franquia, se em Cassino Royale acompanhamos o surgimento da lenda, aqui vemos o seu fim, isso, sem sombra de dúvidas, torna o filme inesquecível e com momentos icônicos para os fãs, sem desrespeitar aqueles que ajudaram a franquia se tornar o que ela é hoje.
Acompanhamos durante todo o filme toda a dor e os traumas que o personagem principal absorve durante a rodagem, de olhos carregados e com uma atuação excelente, Daniel Craig faz um trabalho digno de um encerramento em grande estilo, o personagem de Malek, o tradicional vilão dos filmes de 007, serve mais como um receptáculo do roteirista, que choca a audiência matando personagens a torto e a direita do que alguém com um arco devidamente construído, sim, toda a história com a família do vilão é boa, assim com a interpretação do ator, porem, falta tempo de tela para desenvolver melhor o personagem, que fica mais nas sombras durante toda a rodagem. Acho que o ponto fraco nesse "triunvirato" que o filme se baseia é a personagem de Leia Seydoux, muito disso por conta da interpretação da atriz, que parece blasé durante quase todas as cenas que participa, não conseguindo sobressair contra os outros atores e atrizes com quem divide cenas, o que de fato é uma surpresa pra mim, pois ela é uma atriz bem talentosa, atribuo outro fator a isso a própria personagem que escreveram para ela, essa junção de fatores faz tudo sair fraco no fim das contas.
007 - Sem Tempo para Morrer é um final digno e impactante a era Craig, onde a franquia se apropria de uma liberdade criativa nunca vista antes, para criar um encerramento que será levado pelos fãs do personagem até aparecer outro ator que falara "Bond, James Bond".
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